O desafio

Com a sua direcção bem definida, o peixe navegava por entre a grande janela que o rodeava e que o guardava da morte certa. Lá dentro para além de ter os pequenos seixos que faziam de terra, havia uma alga que teimava em manter a sua verde cor. Ao peixe aborrecia-lhe a alga, pois esta, estendia-se até lá acima e não era por isso que lhe faltava água. Situação que, no caso do peixe seria fatal. Todo este cenário, que assenta numa folha de papel, podia bem dar uma artística fotografia mas não, é apenas o culminar de uma paixão, de um amor que se julgava durar para sempre, para todo o tempo.

No ano passado, a Cristina, nos aconchegantes dias de Setembro passava os fins da manhã à janela a desfrutar do pequeno-almoço com a perna a baloiçar à janela do primeiro andar. Num desses dias, quando o relógio lhe anunciou que estava na hora de baixar os estores, que era altura de tirar a perna da parede cor do Sol, um moço bem aparentado estava à sua espera à entrada da sua casa com um aquário na mão. Foi esta a prenda, a recordação que ela guarda, daquela paixão que inflamou o seu coração, quando os lábios dele afagaram os seus num beijo que jamais se esquecerá, para nunca, nunca mais se verem.

1 comentários:

Boris disse...

Que pena nunca mais se verem... Gostei :)

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