A maldição

Os cristais formavam-se, formando gotas substanciais que se desprendiam da minha face, os meus olhos avermelhavam-se como uma fogueira acabada de se incendiar. Eu já não podia mais, aguentar esta angústia que me atormentava, de dia e de noite, queria saber o que tinha acontecido à Manuela e ao seu companheiro. Quando olhava para as estrelas lembrava-me do sorriso e da alegria que me dava em ler aquelas palavras que traziam gargalhadas ao meu dia, mas, quando olhava para os anúncios das bruxas que o senhor alegremente distribuía à saída do metro, o meu coração inflamava, a ira tomava posse de mim, e considerava seriamente se não haveria de ir à bola de cristal, saber onde estava a Manuela. Mas não, não podia fazer isso, eu sabia que tinha de me acalmar, não podia ferver ainda mais.

Um dia, pensei em ir às cartas, jogar póquer e fazer algum dinheiro. Do pensamento saiu a acção e pus-me a andar em direcção ao casino que brilhava como um pirilampo no canto do meu olhar. Prestes a lá chegar interpelou-me um transeunte:

- Pára - disse-me ele - chegou a tua hora, tens de agir, a Manuela não pode ficar presa numa qualquer caixa de correio electrónico. A Manuela tem o potencial de figurar ao lado do Caim, do Símbolo Perdido.
- Perdido? - pensei eu - perdido está o moço no seu cabelo comprido que já nem sabe por onde ir. Será que esteve a comer esparguete.
- A sério, como achas que eu sei, que a Manuela não te larga os pensamentos?
- Pois tens razão, de facto tu até tens um ar sapiente. Mas diz-me que sugeres que eu faça?
- Traz-me duas folhas, de papel uma caneta e vamos ali para o meu vulcão, eles nem sabem a alegria que os espera!

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