Eu andava à procura de um sítio sossegado para morrer

Eu andava à procura de um sítio sossegado para morrer e, desta forma fui à procura de um emprego.
Três meses num, quatro meses num outro. Aquilo dos hotéis era uma treta.Com todos os meus irmãos ligados à restauração e eu perdida entre hóspedes picuinhas e chefes surreais resolvi partir para Itália depois de ler aquele poema rasgado ao qual acrescentei as palavras que tinham desaparecido.
Quando lá cheguei estava um caos, trabalhei em restaurantes, fazendo bolonhesas e pizzas até que esparguete me começou a crescer no cabelo. Aí parei. Senti que não podia mais.
Descobri uma gruta, por entre uma cascata, onde apenas crescem lindos endemismos. Nesta parca luz, resolvi tirar a revista que jazia na minha mochila por entre o farnel delicioso que lá estava, Tinha uma fotografia de uma mulher em uniforme com uma postura confiante. Na folha do lado tinha um anúncio de gelados e descobri que tinha de me juntar aos meus irmãos. Eu ia trabalhar na restauração, com gelados. Assim, aproveitei e aprendi os tradicionais gelados italianos.
Quando voltei, fui para Coimbra e vendi as duas moedas que de nada me valiam. Apenas gostava das palmeiras estampadas no verso e do teatro em relevo na frente. Um desvairado de um coleccionador, deu o suficiente para começar a minha gelataria em Coimbra e, assim descobri a doçura da vida.

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