Leonor e a timidez

Quando ninguém diria que Leonor era tímida, a verdade é que a timidez fazia parte da sua vida de forma constante e quase epidémica.
Sem saber muito bem porquê, era-lhe difícil conseguir falar habilmente com os outros e deixa-los entrar na sua esfera de intimidade nos momentos certos.
Quase sempre cedo demais, ou tarde demais, estas incursões ocorriam amiúde e estavam quase sempre condenadas ao desastre.

A sua timidez era compensada com alguma secura no comportamento habitual, o que era confundido frequentemente com arrogância. Tragicamente, esta dança de mal-entendidos, de mensagens mal enviadas e mal recebidas resultava num turbilhão emocional a que era difícil fazer frente.
Assim, embora abençoada com uma beleza clássica, Leonor continuava sozinha, interrogando-se sobre o que falhava nos seus relacionamentos.

Após uma infância passada no extremo Oriente, Leonor, de 21 anos, vivia agora em Lisboa, com o seu irmão mais velho, com quem partilhava uma casa moderna e espaçosa.
A dança era a sua grande paixão na vida, talvez instigada pela carreira brilhante dos seus pais, um par de dançarinos reconhecidos internacionalmente como sumidades da valsa.

Um dia, foi a dança que lhe mudou a vida. Parte da sua timidez foi finalmente conquistada quando Leonor decidiu entrar para uma escola de dança. E foi lá que conheceu David.
David, que conseguia ser ainda mais tímido que Leonor, afinal também tinha um sonho secreto.

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